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Golpe aplicado por falso Elon Musk: Criminoso induz vítima a cortar a própria mão como “prova de amor” e aplica prejuízo de mais de R$ 150 mil

Um caso que choca pela crueldade e pela manipulação psicológica envolvida foi registrado em Formosa, na Região do Entorno do Distrito Federal. Uma mulher de 69 anos foi vítima de um golpe aplicado por um homem que se passava por Elon Musk, o famoso empresário bilionário. Além de subtrair mais de R$ 150 mil da vítima, o criminoso a induziu a cortar a própria mão como “prova de amor”, segundo informações do delegado José Sena, responsável pela investigação.

De acordo com o delegado, o golpe foi aplicado após um “pacto de confiança” estabelecido entre o criminoso e a vítima. “Nesses pactos de confiança, o criminoso instigou a vítima a cortar sua própria mão a fim de provar o amor que possuía pelo suposto Elon Musk. Ela atendeu esse pedido e fez um corte superficial na mão”, relatou o investigador.

Além do crime de estelionato, o delegado afirma que o suspeito pode responder por lesão corporal, prevista no artigo 129 do Código Penal, que define como crime “ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem”. A pena para esse delito pode variar de três meses a um ano de detenção, podendo ser aumentada dependendo das circunstâncias.

Como o golpe foi aplicado

A vítima conheceu o falso Elon Musk por meio de redes sociais. Após obter o contato telefônico da mulher, o criminoso a adicionou em um aplicativo de mensagens, onde mantiveram conversas frequentes por horas e durante dias. “Após adquirir a confiança da vítima, este suposto empresário passou a fazer solicitações para a vítima, mediante a promessa de encaminhar presentes, como flores e joias. Presentes estes que nunca chegaram”, explicou o delegado.

Com a confiança estabelecida, o golpista começou a pedir valores em dinheiro. A vítima realizou dois empréstimos: um no valor de R$ 62 mil e outro, de R$ 92 mil. O criminoso chegou a solicitar recursos até para “abastecer a suposta aeronave”, segundo o delegado. A situação chegou a um ponto extremo em que a idosa considerou vender sua casa, avaliada em mais de R$ 500 mil, para atender às demandas do falso empresário.

Aspectos jurídicos do caso

O caso envolve crimes como estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal, que consiste em “obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”. A pena para esse crime pode variar de um a cinco anos de prisão, além de multa.

Além disso, a conduta do criminoso pode configurar indução ou instigação ao suicídio ou à automutilação, tipificada no artigo 122 do Código Penal, que prevê pena de dois a seis anos de prisão se o ato for consumado, e de um a três anos se não for.

Outro aspecto relevante é a vulnerabilidade da vítima, uma idosa de 69 anos, o que pode agravar as penas aplicáveis ao criminoso, conforme o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003). O artigo 102 do Estatuto prevê que “Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento da pessoa idosa” é crime com pena de 1 a 4 anos e multa.

A importância de buscar um advogado especializado

Casos como esse evidenciam a necessidade de buscar orientação jurídica especializada. Um advogado criminalista experiente pode auxiliar a vítima na busca por reparação dos danos sofridos, tanto materiais quanto morais, além de garantir que o criminoso seja responsabilizado de forma adequada.

A vítima pode, por exemplo, ingressar com uma ação de reparação por danos materiais e morais, com base no artigo 186 do Código Civil, que estabelece que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito“.

Além disso, é fundamental que as vítimas de golpes busquem apoio psicológico e jurídico imediatamente após a descoberta do crime. A atuação de um advogado especializado pode ser decisiva para garantir a proteção dos direitos da vítima e a aplicação da justiça.

Conclusão

Este caso serve como um alerta para os perigos dos golpes aplicados por meio de redes sociais e da manipulação psicológica. A vítima, além de sofrer um prejuízo financeiro significativo, foi submetida a uma situação extrema de violência psicológica e física.

Se você ou alguém que você conhece passou por uma situação semelhante, não hesite em procurar um advogado especializado em direito criminal. A orientação jurídica adequada é essencial para garantir que os criminosos sejam responsabilizados e que as vítimas tenham seus direitos resguardados.